Miguel Oliveira faz história em Mandalika e vence Grande Prémio da Indonésia

20/03/2022

Depois do adiamento do arranque devido à chuva e ao vento (até um raio houve), português teve um arranque canhão e dominou por completo segunda prova do ano para voltar às vitórias nove meses depois.

Ainda antes da última volta lançada, Miguel Oliveira ocupava a quarta posição da Q2 com um registo acima do companheiro de equipa, Brad Binder, e apenas atrás da dupla de pilotos que, de forma global, se tinha mostrado mais rápida do que a concorrência, Fabio Quartararo e Jorge Martín. No final, o português ficou só com o sétimo posto, viu o sul-africano colocar a sua KTM na quarta posição e passaria a partir do lugar mais adiantado da terceira linha da grelha. Em parte, e perante o cenário que se estava a construir, foi um resultado com a sua dose de frustração. Ainda assim, e depois do que aconteceu no Qatar, mostrava que o Falcão de Almada estava bem mais rápido e adaptado à moto do que se tinha visto a abrir em Losail.

"A qualificação foi boa. Demos um passo em frente, que era o nosso objetivo. A terceira linha da grelha é um bom lugar para começar a corrida e ainda fazer um bom resultado. Fizemos um bom trabalho até agora e estou confiante que podemos ficar bastante bem classificados no final da corrida", comentou à assessoria de imprensa o português que, na antecâmara da Q2, tinha sido até um pouco mais modesto a nível de objetivos para a segunda corrida da época dizendo que queria apenas entrar na zona dos pontos.

"Estou curioso para ver como vai ser amanhã [domingo]. Vamos todos ter a experiência de fazer pela primeira vez 27 voltas neste circuito. Estou focado em fazer um bom arranque e, depois, ver onde nos podemos colocar durante a corrida", referira sobre a primeira prova no Mandalika International Street Circuit, uma novidade neste Mundial de 2022 que, apesar de ter zonas recém alcatroadas que podiam ser sempre um obstáculo para os pilotos e alguns momentos de mais vento, não foi merecendo críticas por parte dos pilotos. E era nesse contexto que surgia o Grande Prémio da Indonésia, segunda prova do ano após um início no Qatar que mostrou a imprevisibilidade que este Mundial poderá trazer nos resultados.

E se o warm up já tinha sido bastante atribulado, com Marc Márquez a ter mais uma queda violenta que fez com que tivesse de seguir para o hospital e estivesse indisponível para a prova após ter sofrido traumatismo craniano e uma lesão no braço, aquilo que aconteceu pouco antes da hora prevista era tudo o que não se esperava: chuva torrencial que demorou e muito a abrandar, muito vento, até um trovejar de quando em vez e corrida adiada em dez minutos e mais 20 minutos até se perceber que seria muito complicado haver sequer início da corrida, depois de Moto3 e Moto2 terem conseguido fazer as suas provas com pista seca. Mais 15 minutos, outra vez mais 15 minutos e de repente o pit lanenão iria abrir antes das 8h portuguesas (16h na Indonésia) sendo que pelo meio tinha caído um raio que provocou ainda um susto.

Se alguém dissesse que ainda haveria corrida, ninguém acreditava. No entanto, houve mesmo, 75 minutos depois da hora e com uma redução de 27 para 20 voltas. Com uma pista muito molhada, com aquele spray que saía das motos sobretudo em zonas de reta. Até as voltas de reconhecimento eram feitas com o máximo de cautela, percebendo-se que este seria ainda mais um Grande Prémio completamente aberto numa fase em que tinha deixado de vez de chover e que logo na volta inicial era muito provável que as posições de saída da grelha de partida sofressem muitas alterações. E com potencial vantagem para o português.

Tal como era esperado, o arranque mudou por completo todas as posições e com Miguel Oliveira a ter um arranque canhão saltando da sétima para a segunda posição e mais tarde para a liderança da prova com ultrapassagem a Fabio Quartararo na reta da meta antes da resposta que Jack Miller conseguiu dar para assumir o primeiro lugar. Era entre os três pilotos que se discutia o topo, com um fosso a começar a ficar também desenhado com o resto da concorrência que tinha as Suzuki de Álex Rins e Joan Mir no top 6, Zarco na quinta posição, Jorge Martín em oitavo e Brad Binder a afundar-se mesmo para o 12.º posto.

Quartararo não conseguiu aguentar o ritmo, foi ultrapassado a reta da meta em simultâneo por Rins e Zarco na reta da meta e Jack Miller e Miguel Oliveira, os únicos a rodar no 1.41, começavam a criar uma distância de 2.3 segundos que Rins não conseguiu encurtar nem mesmo na sua melhor volta. Ainda assim, percebia-se que o Falcão estava melhor do que o australiano e a bastou um ligeiro deslize numa curva para atacar o primeiro lugar, cravar a volta mais rápida já no 1.40 e começar a criar alguma vantagem sobre o piloto da Ducati, com mais de um segundo de vantagem quando surgiam as primeiras desistências lá atrás, por problemas técnicos na moto (Dovizioso) e por queda numa zona mais molhada (Jorge Martín).

A meio da prova, Miguel Oliveira continuava a baixar as voltas mais rápidas e tinha já um avanço de dois segundos e meio sobre Jack Miller que aumentava em todos os setores quando se começava a perceber que o único capaz de manter andamento para o português era Zarco, que passou Álex Rins na terceira posição e foi-se aproximando de Jack Miller. Ainda passou, o australiano respondeu e acabou por ser Quartararo a meter-se no meio da luta para discutir também o pódio, numa luta que beneficiava ainda mais Miguel Oliveira, que chegou a ter cinco segundos de avanço e começou depois a controlar o ritmo de corrida sem forçar até ao triunfo numa prova do MotoGP nove meses depois da vitória na Catalunha.

Fabio Quartararo e Johann Zarco fecharam o pódio, à frente de Jack Miller e das Suzuki Álex Rins e Joan Mir. Brad Binder, que esteve numa luta frenética com o próprio irmão Darryn Binder, acabou em oitavo. Com estas classificações, e no final das duas primeiras provas, Oliveira passou para a quarta posição do Mundial com 25 pontos, a cinco de Enea Bastianini, a três de Brad Binder e a dois de Quartararo. Com isso, a KTM lidera a nível de equipas com 53 pontos, mais 12 do que a Yamaha e 13 do que a Suzuki.