Ótica inteligente vai combater as mordidas dos cães

04/05/2022

Diagnósticos não invasivos, tais como oxímetros e esfregaços são cada vez mais usados para diagnosticar doenças em pessoas. Agora, cientistas apoiados pela UE estão a tentar alargar as técnicas ao tratamento dos animais de estimação.

Estima-se que existam 90 milhões de cães a viver como animais de estimação nas casas europeias. Ter um cão na família pode tornar as pessoas mais ativas fisicamente. Pode reduzir os sentimentos de isolamento e solidão. Também pode melhorar a qualidade de vida das pessoas mais velhas - foi demonstrado que fazer festas a um cão ajuda a baixar a tensão arterial.

Mas embora exista um cão a viver em quase 40% dos lares europeus, existe uma preocupação relativamente pequena sobre possíveis problemas de saúde. A "Capnocytophaga canimorsus" é uma bactéria que vive na saliva dos cães e pode infetar as pessoas, provocando doenças graves. Embora viva na boca de cães e gatos inofensivamente a maior parte do tempo, em raras ocasiões, se um cão morder uma pessoa ou lamber um corte, algumas estirpes do micróbio podem desencadear uma doença grave nos humanos.

Doença rara

A doença é rara, com cerca de quatro casos por milhão de habitantes por ano. Tão difícil de tratar como de pronunciar, a "Capnocytophaga canimorsus" pode viajar da saliva do cão até ao sangue da pessoa se um cão lamber um corte ou um arranhão.

"O nome canimorsus, significa em latim mordida de cão", explica o Francesco Renzi, microbiologista da Universidade de Namur, Bélgica, "e esta é claramente a principal via de infeção".

A "Capnocytophaga canimorsus" quase nunca causa doenças em pessoas jovens e saudáveis. No entanto, pode causar doenças graves em pessoas com sistemas imunitários comprometidos, pessoas com baços danificados ou sem baço e pessoas que sofrem de alcoolismo.

"As pessoas com mais de 60 anos de idade também estão em maior risco, talvez por causa do seu estado imunitário", acrescenta Renzi. O número de bactérias no sangue pode aumentar e causar febre alta, dores e sintomas semelhantes aos da gripe. "Não existem sintomas específicos e a infeção é bastante rara", continuou. Isto faz com que seja menos provável que um médico suspeite de infeção por estas bactérias.

Choque sético

Cerca de 30% dos casos resultam em morte e muitos dos que sobrevivem sofrem amputações devido a gangrena. Um paciente também pode sofrer de septicemia e falência múltipla de órgãos.

Se é certo que os antibióticos, administrados precocemente, matam o micróbio, a identificação de "Capnocytophaga canimorsus" pode ser muito difícil, mesmo em laboratórios hospitalares.

"O que é importante é que os médicos falem com os doentes e perguntem se têm um cão, e se foram mordidos recentemente", explicou Renzi. Uma mordida pode não infetar, por isso não é óbvio que a infeção tenha entrado desta forma.